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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

CLOVER: O dilema de Gunboy


                                                           Diecast Gundam ST Version 1
      O fim da década de Setenta (70’s)foi no Japão um período de grande mudança na indústria de brinquedos, dúzias de fabricantes surgiram para satisfazer um público mundial fascinado com os personagens criados nas séries de animação, heróis e vilões (a eterna dualidade do bem e do mal, e sem vilões não existem heróis). No entanto em meados dos anos Oitenta (80’s) a maior parte destas empresas tinha já declarado falência ou sido adquiridas por outras companhias devido á feroz competição e constante mudança dos gostos dos jovens e crianças, sobretudo fruto das inúmeras séries televisivas. Houve no entanto vários vencedores, e sem dúvida um dos mais reconhecidos, foi e é “Mobile Suit Gundam”... criado pela Clover em 1979.   
    Fundada em 1973 por um chefe de produção da Tsukuda Hobby, a Clover começa por produzir várias figuras em vinyl das séries da época, mas em 1977 tinha já ganho experiência suficiente para produzir a sua primeira série independente “Zambot 3”, através do estúdio Nippon Sunrise. Com a ajuda da Takara Industries lançou as primeiras figuras de metal e rápidamente criou o seu próprio mercado, criando luxuosos brinquedos em caixas recheadas de acessórios como por exemplo o famoso “Combination Program Zanbot 3” de enorme sucesso, e que levou outros fabricantes a seguir o seu exemplo. O segredo da Clover passava por plásticos brilhantes, cromados vistosos, decalques ao critério do utilizador e tudo isto em caixas atractivas e de cores vivas que faziam montra por todo o Japão. Esta estética é hoje em dia uma das razões da crescente procura por coleccionadores, mas na época demonstrou ser a curto prazo o seu calcanhar de Aquiles.     
    No seguimento de séries de evidente sucesso como “Daitarn 3”, “Daiojya” e “Tryder G-7” a Clover decidiu patrocionar em 1978,  por proposta do director Yoshiyuki Tomino, “Gunboy” (Freedom Fighter Gunboy), uma série animada inspirada na novela de Robert Heinlein de 1959 “Starship Troopers” (narrativa sobre um jovem soldado e as suas aventuras na unidade militar futurista Mobile Infantry). Tradicionalmente estas séries tinham cerca de 25-30 minutos e tinham como propósito a venda de brinquedos e outro tipo de merchandising ás crianças, mas Tomino tinha grandes planos para esta série e criou uma saga espacial focando-se no lado humano da história, deixando inicialmente as batalhas galácticas para um plano secundário...   
   
    Ainda na fase conceptual, sensível aos argumentos de trazer para o centro da história as suas personagens mecânicas acaba tambêm por mudar o nome para Mobile Suit Gundam, mas talvez porque os protótipos das figuras já se encontravam em fase final a Clover decide manter os logos e decalques de “Gunboy”.
    Esta decisão mostrou ser desastrosa, já que enquanto a série que entretanto arrancava na televisão mostrava os Gundam como guerreiros mecânicos vulneráveis, que paravam por falta de combustível, ficavam sujos e danificados em batalha e saíam destas necessitados de reparação com um detalhe e realismo quase obcessivo, as figuras da Clover eram feitas de... cores brilhantes, peças cromadas, e ainda por cima com nome diferente, simplesmente não combinavam com o que as crianças viam na série, aliás eram precisamente o oposto. Como responsável pela produção e patrocínio a Clover media o seu sucesso apenas pelo número de brinquedos vendidos, e dessa perspectiva a série era um profundo insucesso, aparentemente estes brinquedos de “blocos” eram pouco apreciados pelas crianças.    
    Com esta justificação a Clover travou a produção de Gundam, apenas com 43 episódios em vez dos 52 inicialmente planeados. Novo erro, já que os fâns de Gundam aumentavam a cada novo dia, mas ao contrário do público alvo (as crianças) aparecia uma nova faixa etária apaixonada por estas histórias, os adolescentes, só que nesta altura estavam mais interessados no desenvolvimento da série do que no seu merchandising. Depois de uma autêntica campanha, no sentido de trazer novamente Gundam para os ecrâns, a Nippon Sunrise acabou por apresentar em 1981 três filmes que provaram que a Clover não tinha razão.    
   
    Mas para estes novos fâns a atenção centrava-se no detalhe e realismo, e os únicos produtos que lhes podiam servir eram os modelos de construção (kits). Produzidos á escala, os Gundam Plastic Kits (Gun-Pla) provaram ser uma autêntica surpresa de vendas quando apareceram em 1980. O sucesso foi de tal ordem que muitos jovens foram parar ao hospital, nas rixas de rua que aconteciam devido ás filas formadas ás portas das lojas. Baratos, fáceis de fabricar, os kits de plástico representavam tudo o que a Clover não conseguiu oferecer, o realismo que a série incutia nos telespectadores, e infelizmente a Bandai tinha assegurado a exclusividade destes produtos (mas isso é outra história).       
   
    A era dos Super Robôs de metal tinha chegado ao fim e dado lugar aos Mechas realistas, a Clover depois de várias tentativas de recuperar mercado com séries como “Dougram”, “Xabungle” e “Dunbine”, mas insistindo em versões luxuosas da “velha escola”, e inclusivamente kits mas de metal (na tentativa de fazer frente á Bandai), não conseguiu adaptar-se aos novos gostos dos compradores e ás mudanças do mercado. Acabou por declarar falência em 1983.

                                             Xabungle Irongear Machine Henkei Set
Gundam Super Combination DX
Gundam Diecast Model Kit

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